Professor/a,


O objetivo das dicas é evitar que os erros aqui abordados sejam cometidos especialmente na elaboração das questões de provas destinadas a alunos, entre outros textos próprios de ambiente educacional, quando for o caso.


Alguns usos contemporâneos da norma culta já aceitos nas gramáticas normativas mais reconhecidas precisarão dar lugar a formas tradicionais, tendo em vista os muitos pais/mães/responsáveis que podem não admiti-los.


As dicas foram elaboradas a partir da minha experiência na revisão de textos do gênero.


Aproveitem!

Vittor Azevedo

Dicionários para consulta

AULETE: aulete.com.br

MICHAELIS: michaelis.uol.com.br

HOUAISS: houaiss.uol.com.br

VOLP: academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario (não resuma sua consulta somente a essa fonte!)

Se possível, adquira o MÍNI AURÉLIO.

1 | Não use "relacione de acordo com"

A intenção é sugerir uma combinação vocabular mais adequada e ideal no que diz respeito à lógica semântica dos enunciados.

Pense comigo: uma pessoa nunca se relaciona de acordo com a outra, mas uma pessoa sempre se relaciona com a outra.

Seguindo a mesma lógica, ninguém associa uma ideia de acordo com a outra, mas associa uma ideia à outra.

Por isso não faz sentido escrever:

relacione a 2ª coluna de acordo com a 1ª

associe a 2ª coluna de acordo com a 1ª


OPÇÕES ADEQUADAS:

2 | Não use "responda ao que se pede"

Observe a seguinte combinação de verbos:

- Se alguém me pede para arrumar a cama, eu faço.

- Se alguém me pergunta se eu posso arrumar a cama, eu respondo.

Por isso procure não misturar: de acordo com o texto, responda ao que se pede

OPÇÕES ADEQUADAS:

3 | Não use "julgue alternativas"

Se uma questão tem alternativas, significa que o aluno vai marcar 1 item (ou mais) entre os demais.

Se são itens de julgar (C ou E), não há alternativas, pois o aluno normalmente marca todas (com C ou E).

Por isso não é adequado escrever: após ler o texto, julgue as alternativas a seguir em C ou E.


OPÇÕES ADEQUADAS (para questão de C/E):


OPÇÕES ADEQUADAS (para questão de múltipla escolha):


Curiosidade | Tipos de questões (padrão UnB):

Tipo A - certo ou errado

Tipo B - resposta numérica

Tipo C - múltipla escolha

Tipo D - discursiva

4 | Suponha / Imagine + subjuntivo

Ao pedir para o aluno supor ou imaginar algo, o próximo verbo deve estar no modo subjuntivo e não no indicativo:

Suponha que você ganhou um brinquedo. / Imagine que ela compra um livro a dez reais.
("ganhou" é pretérito do indicativo)
("compra" é presente do indicativo)

OPÇÕES MELHORES:

(Logo, sempre prefira o presente do subjuntivo!)

5 | A frase não acabou

Nunca use ponto-final se a frase ainda não tiver terminado. Parece óbvio, mas muitos têm escrito assim:

Tendo como base os textos acima. Faça o que se pede a seguir.

Supondo que Júlio tenha 10 camisas e dê 1 para o irmão. Com quantas camisas Júlio ficará?

Para atender uma excursão de 400 pessoas. Quantos ônibus de 20 lugares serão necessários?


O CORRETO E OBRIGATÓRIO É A VÍRGULA:

(Perceba que o trecho antes da vírgula é um pedaço que foi descolado do final para o início da frase.)


Se você quiser que o primeiro pedaço tenha um fim, não use gerúndio:

Supondo que Júlio tenha 10 camisas e dê 1 para o irmão. Com quantas camisas Júlio ficará?

Suponha que Júlio tenha 10 camisas e dê 1 para o irmão. Com quantas camisas Júlio ficará?

6 | vêm, têm, aqui tem

Permanece obrigatório o acento nos verbos TER e VIR se o sujeito deles estiver no plural:


Mas o verbo TER no sentido de HAVER/EXISTIR é sem sujeito e sem acento. Perceba a diferença:


Esse último uso de TER impessoal é considerado por alguns leitores estritamente coloquial. Porém, escritores modernos nos quais as nossas gramáticas se baseiam, como Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, fazem uso do verbo com esse mesmo sentido (cf. p. 463 da "Novíssima gramática da língua portuguesa", de Cegalla, e p. 144 da "Nova gramática do português contemporâneo", de Celso Cunha).

7 | ÍN-DIO  ou  ÍN-DI-O

Algumas palavras têm separação silábica opcional do seu encontro vocálico. Isso é marcado com dois-pontos nos dicionários (sempre consulte gratuitamente o dicionário Aulete: https://www.aulete.com.br/).

Por exemplo:

FA - MÍ - LI : A

Podemos separar tanto fa-mí-lia quanto fa-mí-li-a.

Porém, as gramáticas* proíbem o hiato (li-a) ao fim da linha em uma redação. Por isso, vamos sempre ensinar como ditongo (lia).

Outros casos iguais: água, açaizeiro, cárie, fêmea, índio, mágoa, preocupado, saudade.


* Celso Cunha e Lindley Cintra. "Nova gramática do português contemporâneo". 7ª ed. 2017. p. 63. | Evanildo Bechara. "Moderna gramática portuguesa". 38ª ed., p. 68-70.

8 | responda às questões / resolva as questões

A gente sempre RESOLVE algo. Eu resolvo um problema, ela resolve uma questão.

E a gente sempre RESPONDE a algo. Eu respondo a um problema, ela responde a uma questão.


Por isso cuidado ao usar o acento grave:


(O Dicionário Houaiss aceita tanto "responder a uma carta" quanto "responder uma carta". O problema é que a falta da preposição pode ser malvista por pais que ainda desconhecem essa dupla regência.)

9 | poesia X poema

Confira se o livro didático usado por sua escola faz diferenciação entre POEMA e POESIA.

Se o fizer, a diferença costuma ser a seguinte:

POEMA é o texto escrito em versos e estrofes, apenas.

POESIA é o elemento criativo presente na música, na dança, na pintura, no poema.

Nessa lógica, compare:

10 | a fim (separado)

A gente quase sempre vai usar A FIM (separado):


Agora exemplos de AFIM (junto):

11 | "tratar-se" não aceita sujeito

O termo TRATAR-SE não aceita sujeito e não vai para o plural.

Por isso nunca escreva:

O texto acima trata-se de um poema.

Os alunos tratam-se de pessoas ainda imaturas. 

São dois livros famosos. Eles se tratam de obras milenares.


Muitas vezes esse termo pode ser substituído simplesmente pelo verbo "ser".


OPÇÕES CORRETAS:

12 | "DIA" ou "DJIA"

O número de fonemas de certas palavras pode variar dependendo da naturalidade do aluno.

A palavra DIA pode ser pronunciada:


Isso vale para dji e tji.


13 | por que (separado)

Usamos POR QUE (separado e sem acento) em perguntas tanto diretas quanto INDIRETAS:

Perceba:

POR   QUAL  MOTIVO isso acontece

POR__QUE  [MOTIVO] isso acontece

POR__QUE  [               ] isso acontece

14 | verbo no imperativo 1º + pronome depois

Apesar de a próclise ser a preferida na nossa língua*, quando o verbo estiver no imperativo, ainda é melhor colocarmos o pronome depois dele:

Se coloque no lugar da personagem da tirinha...

Reescreva o verbo presente na frase e o classifique quanto ao tempo verbal.

O MELHOR, POR ENQUANTO, AINDA É:


* "Outro uso normalíssimo no PB [português brasileiro] é a próclise a verbos no modo imperativo" (Marcos Bagno. "Gramática pedagógica do português brasileiro". São Paulo: Parábola Editorial, 2012, p. 762).

15 | Há anos atrás

A expressão HÁ ANOS ATRÁS ainda é considerada uma redundância por muitos pais, apesar de ser aceita nas gramáticas*.

Então vamos continuar usando ou só ou só ATRÁS. Nunca os dois juntos.

Os hieróglifos foram feitos há mais de 6 mil anos atrás.

As pinturas rupestres foram feitas a mais de 17 mil anos atrás. (nunca use esse "a")

CORRETO:


* Evanildo Bechara. "Moderna gramática portuguesa". 39ª ed. 2019. p. 672.

16 | pessoas, havia pessoas

Perceba que não existe: aqui hão dez pessoas.

Isso porque o verbo "haver" está no plural.

Por isso o verbo HAVER fica no singular em frases como:


Use "haver" no plural só em locução verbal [verbo auxiliar + verbo principal]:

17 | preposição longe do verbo ou nome

Cuidado para não engolir a preposição solicitada pelo verbo. Compare as frases:


Em que tipo de fonte histórica o livro se encaixa?


Contra que tipo de poluição a mãe do Cebolinha quer que ele lute?


Qual é o bem de consumo a que os índios têm mais acesso?

A qual bem de consumo os índios têm mais acesso?


Aonde eu poderia ir? Aonde minha mãe poderia me levar?


Há um lugar no DF onde eu possa fazer as duas coisas ao mesmo tempo?


De qual dessas comidas você mais gosta?


Há tradições religiosas em cuja organização dos espaços destinados ao culto não existe a preocupação de simbolizar algo de sua crença.

18 | verbo 1º + sujeito depois

Normalmente a ordem é SUJEITO e VERBO: >> esses garotos correm rápido

Mas às vezes o contrário pode acontecer: >> correm rápido esses garotos


Quando o verbo vier antes, ele continua concordando com o sujeito. Veja:


Escreva o nome do mês em que se iniciaram as aulas.


Existem casos de gatos que morrem com 20 anos ou mais.


A qual gênero pertencem essas espécies?


Foram divertidas suas férias?


Quantas segundas-feiras tem o mês de maio?

19 | eu POSSUO dez anos?

Sempre verifique se, em vez de POSSUIR, cabe um verbo mais simples ou mais adequado.

Compare:


Eles têm dois filhos.


Quantos anos Ana tem? Ana tem 10 anos.


A escola oferece / conta com vários espaços recreativos.


Cite a principal característica que essa espécie apresenta.


No caso de excesso do verbo TER, considere alterar um deles para POSSUIR se o sentido permitir.

20 | ir a, vir a, chegar a

De fato é muito natural (adequado e culto) a gente falar:



Mas nos documentos pedagógicos ainda precisamos usar esses verbos só com a preposição a.


21 | algumas crases

Cuidado com a crase!

Pra você ganhar tempo, só leia o número solicitado.










22 | crase, grave, crasear

CRASE não é acento. É um fenômeno de junção de dois sons iguais.

O nome do acento é GRAVE. Ele indica onde ocorreu a crase.


Por isso não faz sentido escrever:

coloque a crase no lugar correto

acentue corretamente usando a crase


O MAIS ADEQUADO É:


(Você pode usar tranquilamente o verbo "crasear" com o sentido de "colocar o acento que indica a crase". As gramáticas* aceitam esse uso. Ex.: craseie o "a" correto)


* Evanildo Bechara. "Moderna gramática portuguesa". 39ª ed. 2019. p. 429.

23 | é hora de a gente sair

Apesar de as gramáticas* já aceitarem o "sujeito preposicionado" e de os falantes cultos o usarem há muito tempo, ainda precisamos fazer a separação tradicional devido à exigência de alguns pais:


>> alterar  DODOSDADAS   para   DE ODE OSDE ADE AS.


Compare as frases, pra ficar mais claro:


E a vez de ele ir ao banheiro.


Está na hora de as meninas voltarem do intervalo.


O fato de os índios realizarem essa troca cultural os torna menos índios?


Qual é a importância de os estádios adotarem essas medidas?


A reforma do shopping se deve ao fato de as pessoas ficarem mais tempo nele.


* Evanildo Bechara. "Moderna gramática portuguesa". 39ª ed. 2019. p. 749.

24 | nada de "cujo o"

Não existe CUJO seguido de artigo.

Nunca use: pinte o desenho cujo o nome se inicia com a letra A


Nesse caso, sempre vai ocorrer crase (união de 2 sons iguais). Veja:

25 | nomes inventados

Sempre considere as regras de acentuação nos nomes dos personagens aleatórios que aparecem em situações-problema, para o aluno se acostumar visualmente com o uso correto dos acentos.

Ângela, Márcia, Flávio, Vítor, Vinícius, Mônica, Lídia, Luísa, Luís

26 | nomes famosos

Alguns nomes fogem à regra de acentuação. Por isso, atenção aos seguintes:

27 | retome a palavra anterior

Observe a frase:

Fiz as compras e coloquei no porta-malas.

Nenhum brasileiro* perguntaria: "colocou o quê?". Claro que foram as compras. Mas nos nossos arquivos vamos precisar retomar o termo da oração anterior. Assim:

Fiz as compras e as coloquei no porta-malas. (ou coloquei-as)

Portanto:

Escolha uma carta e represente-a com um desenho.


Leia com atenção sua ficha avaliativa e faça-a com capricho. (ou resolva-a)


Escreva um pequeno texto sobre suas aventuras e, ao final, ilustre-o de forma criativa.


Atenção ao gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural).


*Esse apagamento do pronome é exclusivo do Brasil e já faz parte da norma culta brasileira contemporânea. Na verdade mesmo, "esses clíticos [o/a/os/as] não fazem parte da gramática do PB contemporâneo". (Marcos Bagno. "Gramática pedagógica do português brasileiro". São Paulo: Parábola Editorial, 2012, p. 797-8).

28 | nem eu nem ele

É melhor não usarmos a conjunção "e" antes de "nem":


Tobias não usa bigode nem chapéu.


Esse símbolo indica que não aconteceu ganho nem perda durante a rodada. 

29 | retoRNar e retoMar

Cuidado na hora de digitar essas palavras, porque a dupla "rn" (retornar) se parece com "m" (retomar).

Nós vamos sempre retoMar algo (sem prep.).

E vamos sempre retoRNar a algo (com prep.).


ou

30 | trecho deslocado + vírgula

É correto e muito comum pegar o final de uma frase e jogá-lo no início dela.

Nesse caso, o trecho inicial deve ser seguido de vírgula:


Com o auxílio de um adulto, acesse a lousa digital.


Quando o homem surgiu, os dinossauros já tinham sido extintos.


Em relação aos aspectos rítmicos da obra, podemos ressaltar...


A partir do texto, o que se pode concluir a respeito da escravidão?

31 | número por extenso sem vírgulas

Não se usa vírgula na escrita de números por extenso:

4.645.989

Quatro milhões, seiscentos e quarenta e cinco mil, novecentos e oitenta e nove

Quatro milhões seiscentos e quarenta e cinco mil novecentos e oitenta e nove

32 | encontro consonantal e dígrafo

Encontro consonantal é a posição lado a lado de dois SONS consonantais.

apto / borda

segredo / embrulha


Dígrafo consonantal é um único SOM formado por duas letras consonantais.

exceção / carreta

chuva / ilha


Dígrafo vocálico é um único SOM formado por uma vogal (letra) e pela letra que a nasaliza.

antena / emblema

esvaindo / caxumba


PORTANTO:

33 | monossílabas não são oxítonas

As classificações OXÍTONA, PAROXÍTONA e PROPAROXÍTONA só se referem a palavras formadas por 2 ou + sílabas. Pela lógica, sendo oxítona a palavra cuja última sílaba é a tônica, então essa palavra precisa ter pelo menos duas sílabas para existir uma última, concorda? 

As palavras com apenas 1 sílaba entram nas MONOSSÍLABAS (tônicas e átonas).

Assim:

34 | use "ONDE" para lugar

Se o contexto da frase estiver se referindo a lugar, não tenha medo de usar a palavra ONDE.

Usar EM QUE, NAS QUAIS etc. não está errado, mas dê preferência para ONDE.


Escreva abaixo o nome da cidade em que você mora.

Escreva abaixo o nome da cidade onde você mora.


E, ainda nesses casos, cuidado para não deixar um "que" sozinho:


Descreva a cidade que Isabela morava.

Descreva a cidade em que Isabela morava.

Descreva a cidade onde Isabela morava. (prefira)

35 | o certo é 1.500 ou 1500

No caso de quantidades em geral, SEMPRE USE o ponto de milhar.

Em relação ao ano de algum acontecimento, NÃO use o ponto nem deixe espaço em branco.

36 | à vista, à gasolina, à mão, à distância

Prefira usar o acento grave (a "crase") em todas essas expressões adverbiais femininas, especialmente se estiverem no singular, para evitar ambiguidade.

Aprendemos desde sempre que o acento grave em "à vista" é obrigatório (e é mesmo), mas aqui ele não indica a famosa junção [artigo a + preposição a]. Se fizermos aquele teste de trocar a palavra feminina "vista" por uma masculina (a prazo), o artigo não aparece (não usamos "ao prazo"). Logo, em "à vista", o acento não indica que houve a junção [artigo + preposição] para ocorrer a crase. Portanto, o acento está aí simplesmente para mostrar ao leitor que se trata de uma expressão adverbial e para evitar duplo sentido.

Seguindo essa lógica, considere obrigatório o acento grave também nas demais expressões adverbiais femininas. Observe os exemplos abaixo. Note nos parênteses que antes de palavras masculinas o acento é proibido.

Nossos principais gramáticos abonam o uso da crase em todas essas expressões, inclusive em "à distância" mesmo quando essa distância não estiver especificada. Confira a página 14 da obra "Novo dicionário de dúvidas da língua portuguesa", do gramático Evanildo Bechara.

Não use o acento se a expressão for composta de simples artigo + substantivo:

37 | não use "comentar sobre" / "ESTUDAR SOBRE" / "APRENDER SOBRE"

Muita atenção. Pesquisando esses verbos nos dicionários, você notará que COMENTAR não admite a preposição "sobre":


Assim também ocorre com o verbo ESTUDAR:


E com o verbo APRENDER em casos como:


Nessas situações, portanto, os verbos comentar, estudar e aprender são transitivos diretos (não necessitam de preposição).

38 | cuidado com a escrita

A pronúncia de algumas palavras pode nos confundir na hora de escrevê-las. Cuidado! 

MICRORGANISMOS e não mais MICRO-ORGANISMOS

TERMERLÉTRICA e não mais TERMOELÉTRICA

HIDRELÉTRICA e não mais HIDROELÉTRICA

BENEFICENTE e não BENEFICIENTE

JÚPITER e não JÚPTER

SERES VIVOS e não SERES-VIVOS

EU LÍRICO e não EU-LÍRICO

UMEDECER e não UMIDECER

GAFANHOTO e não GARFANHOTO

SOBRANCELHA e não SOMBRANCELHA 

PRESILHA e não PRISILHA

PURPURINA e não PORPURINA

DISENTERIA e não DESINTERIA

HORTIFRÚTI (com acento)

ENXURRADA / ENXAGUAR (com X)

ENCHENTE (com CH)

TIROLESA (com S)

DESLIZE (com Z)

BALIZA (com Z)

PONTO-FINAL e não PONTO FINAL


39 | ATENCIOSAMENTE E RESPEITOSAMENTE

Como vem escrito na maioria dos manuais de redação, o fecho [Atenciosamente,] finaliza mensagens destinadas a pessoas de hierarquia igual ou inferior à sua, e o fecho [Respeitosamente,] finaliza as destinadas a superiores. Atenção à presença da vírgula.

Eles devem aparecer centralizados ou recuados na margem à esquerda? Como os manuais divergem nesse ponto, vamos seguir o Manual da Presidência da República, o Banco Central e o CNJ: recuados à esquerda.

E é claro que, em um e-mail, esses fechos são indiscutivelmente adjacentes à borda à esquerda, assim como todo e qualquer texto de e-mail.

Por fim, de acordo com o Manual de Redação da Câmara dos Deputados, a redução correta de "Atenciosamente," é [At.te,].

40 | ENTRE OS DIAS 5 E 10

Reflita comigo: imagine que numa sala de aula existam duas carteiras e tenha um espaço entre elas. Isso significa que existe um espaço ENTRE uma carteira E a outra.

Quando queremos nos referir a um intervalo de tempo usando a preposição ENTRE, devemos usar a conjunção E, e nunca a preposição A. Compare:


Outro raciocínio é: se estamos num lugar e queremos nos deslocar até outro, dizemos que vamos DE um lugar A outro. A preposição A deve ser usada em combinação com a preposição DE:


Então vamos sempre respeitar a dupla ENTRE + E e a dupla DE + A.

41 | PREPOSIÇÕES OCULTAS

As gramáticas permitem que ocultemos as preposições em algumas estruturas sintáticas, uma vez que esse fenômeno é naturalmente parte do português brasileiro. Veja:


Dessa forma, podemos ocultar a preposição em enunciados do tipo:


Isso torna a frase mais fluida e natural e evita em alguns casos a repetição desnecessária de uma preposição. 

42 | A FAMÍLIA DO ISSO E ISTO

Vamos tratar de apenas duas situações:


1ª) TEMPO E LUGAR

Quando nos referimos ao dia, semana, mês, ano em que estamos, precisamos usar isTo, esTe, esTa. Isso também vale para o lugar onde estamos.


2ª) FOI DITO ou SERÁ DITO

Quando nos referimos a algo que já foi citado, usamos os pronomes anafóricos isSo, esSa, esSa.

Se algo ainda será citado, use os pronomes catafóricos isTo, esTe, esTa.


PS: Estudos linguísticos mostram que isTo e variantes (com T) estão em desuso para qualquer situação. Porém, essa diferenciação ainda é exigida em processos seletivos em geral.

43 | NÃO USE "MAIORES INFORMAÇÕES"

O motivo é simples. Não faz sentido dimensionar ou querer dar tamanhos variados a uma informação. Se eu informo que "Amanhã haverá recesso escolar.", os pais podem ligar para a escola buscando não informações mais curtas ou mais extensas, porém outras informações, diferentes, novas. Portanto:

44 | PRONOME OBLÍQUO EM INÍCIO DE FRASE

Apesar dos vários estudos linguísticos que comprovam ser este um uso legítimo do português brasileiro, presente inclusive entre os nossos melhores escritores (em quem nossas gramáticas baseiam suas regras), ainda precisamos evitar pronome oblíquo em início de frase, pelo menos nas redações de processos seletivos em geral.

Portanto:




45 | PREFIRA PALAVRAS APORTUGUESADAS

É importante valorizarmos a nossa língua dando prioridade para as nossas regras ou padrões de vocabulário. 

Algumas palavras aportuguesadas causam estranhamento, mas isso ocorre porque são pouco usadas, motivo por que estamos pouco acostumados com elas. 

O Word marca várias delas como incorretas, mas já estão registradas nos nossos dicionários e no VOLP. Então vamos usá-las sem medo.

amperes em vez de ampères

estande em vez de stand

chicungunha em vez de chikungunya

pólis gregas em vez de poleis gregas

hábitat em vez de habitat

xampu em vez de shampoo 

leiaute em vez de layout

tsunâmi em vez de stunami 

esqueite em vez de skate 

dísel em vez de diesel 

contêiner em vez de container

currículo em vez de curriculum 

Nova Iorque em vez de New York

bandeide em vez de band-aid 

biscuí em vez de biscuit

cúmulos-nimbos em vez de cumulonimbus

quiuí em vez de kiwi

46 | símbolos DE grau ° e ordinal º ª

5 °C

Em teclados Windows, pressione AltGr e aperte a tecla com o desenho do círculo sem traço °.

Em teclados Mac, aperte shift + option + 8.


1º pessoa    (incorreto)

1ª pessoa    (correto!)

Em teclados Windows, pressione AltGr e aperte a tecla com ª para feminino ou aperte º para masculino.

Em teclados Mac, aperte option + 9 para feminino e option + 0 para masculino.

47 | OS PRONOMES: LHE(S), A(S), O(S)

Primeiro precisamos relembrar os complementos (objetos) de um verbo.


O verbo "ensinar" tem um complemento/objeto: "o conteúdo". Entre o verbo e o objeto não é necessária nenhuma preposição, de modo que a relação entre eles é direta. Por isso, "o conteúdo" é OBJETO DIRETO de "ensinar".

Se em algum momento você precisar retomar um objeto DIRETO, a fim de não repeti-lo na frase, use os pronomes O, A, OS, AS (e não lhe/lhes).


Falta alguma coisa nela, certo? Para que a relação entre "ensinar" e "os alunos" faça sentido, é preciso de uma preposição (A ou PARA).

Como é necessário um elemento entre eles, a relação não é direta. Logo, "para os alunos" é OBJETO INDIRETO de "ensinar".

Se você precisar retomar um objeto indireto qualquer, use sempre LHE, LHES.

A professora ensinou para os alunos o conteúdo. Sim, ela ensinou-lhes o conteúdo.

48 | ACENTO EM PALAVRAS TERMINADAS EM I / U

Oxítonas terminadas em i(s) / u(s) NÃO têm acento:

caju, Aracaju, urubu, tatu, saci, zumbi, caqui (fruta)


Paroxítonas terminadas em i(s) / u(s) TÊM acento:

ônus, vírus, hortifrúti, tsunâmi, cáqui (cor)


Em oxítonas e paroxítonas, qualquer i(s) / u(s) que faz parte de um hiato TEM acento:

tuiuiú, baú, caí/caía (passado), caíste, balaústre, juízes, raízes, baía 


Exceto se for nasalizado: rainha, tainha, bainha, ruim, pixaim


E se vier acompanhado (seguido) de outra letra: raiz, juiz, Raul

49 | OBTÉM / OBTÊM | INTERVÉM / INTERVÊM

Na 3ª pessoa, esses verbos no presente do indicativo recebem acento diferencial:

SINGULAR (acento agudo): ele contém, ela mantém, obtém-se 1 L

PLURAL (acento circunflexo): eles contêm, elas mantêm, obtêm-se 2 L



Isso serve para todos os outros verbos com a mesma terminação: retém, provém, advém, intervém...

50 | sujeito longe do verbo

Cuidado com a concordância quando o núcleo do sujeito é seguido de muitos adjuntos para só depois aparecer o verbo. Procure sempre concordar os dois.





51 | PLURAL DAS CORES, ASPAS DUPLAS E SIMPLES

Em breve.

52 | NÃO USE MAIS "PORTADORES DE NECESSIDADES"